domingo, 16 de novembro de 2008

TUDO QUANTO PENSO

TUDO QUANTO PENSO

Tudo quanto penso,
Tudo quanto sou
É um deserto imenso
Onde nem eu estou

Extensão parada
Sem nada a estar ali,
Areia peneirada
Vou dar-lhe a ferroada
Da vida que vivi.

( Fernando Pessoa)

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

HILDA HILST

Hilda Hilst


"Aflição de ser eu e não ser outra.
Aflição de não ser, amor, aquela
Que muitas filhas te deu, casou donzela
E à noite se prepara e se adivinha
Objeto de amor, atenta e bela.

Aflição de não ser a grande ilha
Que te retém e não te desespera.
(A noite como fera se avizinha)

Aflição de ser água em meio à terra
E ter a face conturbada e móvel.
E a um só tempo múltipla e imóvel

Não saber se se ausenta ou se te espera.
Aflição de te amar, se te comove.
E sendo água, amor, querer ser terra."